Neurologista em Curitiba | Dr. Aloisio Ponti Lopes

Tontura: O Que É, Causas Mais Comuns, Tipos, Tratamentos e Quando se Preocupar

novembro 19, 2025 | by draloisiopontilopes

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Você já se sentiu tonto de repente? Como se o chão estivesse se movendo, a sala girasse ou sua cabeça ficasse “vazia”? A tontura é um dos sintomas mais comuns relatados em consultórios médicos — e, embora muitas vezes seja passageira, pode causar grande desconforto, medo de cair e até limitar atividades do dia a dia.

Neste guia completo, você vai ler: o que é tontura, quais são os tipos mais comuns, quais as causas reais por trás dessa sensação incômoda, como diferenciar uma tontura benigna de um sinal de alerta e o que fazer para prevenir e tratar esse problema.


O que é tontura? Entenda a diferença entre tontura, vertigem e desmaio

Muitas pessoas usam os termos “tontura”, “vertigem” e “fraqueza” como se fossem sinônimos — mas, na medicina, eles têm significados diferentes:

  • Tontura : sensação de instabilidade, cabeça leve ou “flutuação”, sem a sensação de rotação.
  • Vertigem: sensação de que o ambiente está girando (ou que você está girando), mesmo estando parado. É um tipo específico e mais intenso de tontura.
  • Pré-síncope: sensação de que vai desmaiar, com escurecimento da visão, fraqueza e suor frio.
  • Desmaio (síncope): perda temporária da consciência, geralmente por queda súbita da pressão.

Saber identificar qual dessas sensações você está sentindo ajuda muito o médico a fazer um diagnóstico preciso.


Quão comum é a tontura?

A tontura afeta mais de 30% da população adulta em algum momento da vida — e esse número sobe para mais de 50% entre pessoas acima dos 65 anos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia, ela é a terceira queixa mais frequente em consultórios médicos, atrás apenas de dor e febre.

Apesar de ser comum, menos de 20% dos casos têm origem grave. A maioria está ligada a problemas benignos do ouvido interno, ansiedade ou fatores do estilo de vida.


Principais causas da tontura: quais são e como identificá-las

A tontura pode surgir por dezenas de razões, mas as mais frequentes estão relacionadas a problemas do sistema vestibular (ouvido interno), alterações cardiovasculares, distúrbios neurológicos ou fatores psicológicos. Veja as causas mais comuns:

1. Distúrbios do labirinto (ouvido interno)

O labirinto é o “centro de equilíbrio” do corpo. Quando há inflamação, infecção ou alteração na circulação sanguínea nessa região, surgem sintomas como:

  • Vertigem intensa (girar da sala)
  • Náuseas e vômitos
  • Zumbido ou perda de audição (em alguns casos)

Exemplos comuns:

  • Labirintite viral (geralmente após gripe ou resfriado)
  • VPPB (Vertigem Posicional Paroxística Benigna): tontura curta (menos de 1 minuto) ao virar a cabeça na cama ou olhar para cima
  • Doença de Ménière: vertigem recorrente + zumbido + sensação de ouvido cheio

2. Problemas circulatórios

  • Hipotensão ortostática: queda da pressão ao levantar rápido (comum em idosos e pessoas desidratadas)
  • Hipertensão arterial descontrolada: pode causar tontura com dor de cabeça e visão turva
  • Arritmias cardíacas: batimentos irregulares reduzem o fluxo sanguíneo ao cérebro
  • insuficiência arterial, comum em idosos

3. Ansiedade, estresse e transtornos psiquiátricos

Episódios de ansiedade aguda, ataques de pânico ou transtorno de ansiedade generalizada podem provocar:

  • Tontura constante (tipo “cabeça leve”)
  • Sensação de irrealidade (desrealização)
  • Respiração ofegante e formigamento

Essa tontura costuma piorar em ambientes fechados ou lotados e melhora com relaxamento.

4. Hipoglicemia (baixa de açúcar) e desidratação

Ficar muito tempo sem comer, fazer dietas restritivas ou suar muito (sem repor líquidos) pode causar:

  • Tontura + fraqueza + suor frio
  • Confusão mental passageira
  • Tremores

5. Efeitos colaterais de medicamentos

Antidepressivos, anti-hipertensivos, sedativos, anticonvulsivantes e até alguns antibióticos podem causar tontura como efeito colateral. Sempre leia a bula ou consulte seu médico.

6. Problemas neurológicos (menos comuns, mas graves)

Em casos raros, a tontura pode ser sinal de:

  • AVC (derrame): especialmente se vier com fala arrastada, dormência em um lado do corpo ou visão dupla
  • Esclerose múltipla
  • Tumores no nervo vestibular (como o neurinoma do nervo acústico)

Quando a tontura é sinal de alerta?

Embora a maioria dos casos seja benigna, alguns sinais exigem atendimento médico imediato:

✅ Procure um médico com urgência, em ambiente hospitalar, se a tontura vier acompanhada de:

  • Dor de cabeça súbita e muito forte
  • Dificuldade para falar, engolir ou enxergar
  • Fraqueza ou dormência em um lado do corpo
  • Perda de consciência
  • Palpitações intensas ou desmaios recorrentes

Esses podem ser sinais de AVC, arritmia cardíaca ou outra emergência médica.


Como é feito o diagnóstico da tontura?

O médico (geralmente um otorrinolaringologista, neurologista ou clínico geral) fará:

  • Histórico detalhado (quando aparece, quanto dura, o que piora/melhora)
  • Exame físico do equilíbrio e dos olhos
  • Testes como o teste de Dix-Hallpike (para VPPB)
  • Exames complementares, se necessário: audiometria, exames de sangue, ressonância ou eletrocardiograma

Em muitos casos, o diagnóstico é clínico — ou seja, feito com base nos sintomas e no exame físico, sem necessidade de exames caros.


Tratamentos e como aliviar a tontura

O tratamento depende totalmente da causa:

  • VPPB: manobras de reposicionamento (como a Manobra de Epley) — eficazes em mais de 90% dos casos
  • Labirintite viral: repouso, hidratação e medicamentos para náusea (anti-histamínicos, betabloqueadores vestibulares)
  • Ansiedade: terapia cognitivo-comportamental (TCC), respiração diafragmática, às vezes medicamentos
  • Hipotensão: aumentar ingestão de sal e água, evitar levantar rápido
  • Hipertensão ou arritmia: ajuste de medicamentos com cardiologista

Evite automedicação! Remédios podem mascarar o problema e atrasar o diagnóstico correto.


Dicas para prevenir a tontura

  • Mantenha-se bem hidratado (2 a 3 litros de água por dia)
  • Evite jejum prolongado — faça refeições regulares
  • Levante-se devagar da cama ou da cadeira
  • Pratique exercícios físicos leves, como caminhada ou tai chi (melhoram o equilíbrio)
  • Reduza álcool, cafeína e tabaco
  • Controle estresse e ansiedade com técnicas de respiração, meditação ou terapia

Conclusão: tontura merece atenção, mas não pânico

Sentir tontura de vez em quando é normal — o corpo está nos avisando que algo está fora do equilíbrio. Na maioria dos casos, a causa é reversível e o tratamento é simples. No entanto, não ignore episódios frequentes, intensos ou associados a outros sintomas graves.

Se você sofre com tontura recorrente, não espere piorar: marque uma consulta com um profissional de saúde. Um diagnóstico precoce pode evitar complicações, melhorar sua qualidade de vida e devolver a sensação de estabilidade — física e emocional.


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