Neurologista em Curitiba | Dr. Aloisio Ponti Lopes

O que é Síndrome de Hipertensão Intracraniana Idiopática? Entenda

novembro 4, 2025 | by draloisiopontilopes

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A síndrome de hipertensão intracraniana idiopática (SHII) — também conhecida como hipertensão intracraniana benigna ou, antigamente, como pseudotumor cerebral — é uma condição neurológica rara, mas importante, caracterizada pelo aumento da pressão dentro do crânio, sem que haja um tumor, infecção ou outra causa óbvia.

Apesar do nome complicado, essa síndrome afeta principalmente mulheres jovens com sobrepeso e pode causar sintomas como dor de cabeça intensa e problemas de visão. O mais preocupante? Se não for diagnosticada e tratada corretamente, pode levar à perda permanente da visão.


O que significa “hipertensão intracraniana idiopática”?

Vamos por partes:

  • Hipertensão intracraniana: pressão alta dentro do crânio (espaço que abriga o cérebro).
  • Idiopática: significa que não se conhece a causa exata — ou seja, não há tumor, hemorragia, infecção ou outra doença neurológica identificável.

O problema está no líquor (ou líquido cefalorraquidiano), que banha o cérebro e a medula espinhal. Na SHII, há um excesso de produção ou dificuldade na absorção desse líquido, o que eleva a pressão dentro do crânio.


Quem tem mais risco de desenvolver essa síndrome?

A síndrome é mais comum em:

  • Mulheres entre 20 e 45 anos
  • Pessoas com sobrepeso ou obesidade (especialmente ganho de peso recente)
  • Usuárias de certos medicamentos, como tetraciclina, vitamina A em excesso, anticoncepcionais, corticoides (quando suspensos abruptamente), isotretinoína
  • Pacientes com distúrbios hormonais, como hipotireoidismo ou síndrome dos ovários policísticos

Apesar disso, homens, crianças e pessoas com peso normal também podem ser afetados — embora com menor frequência.


Principais sintomas da hipertensão intracraniana idiopática

Os sinais variam, mas os mais comuns incluem:

Dor de cabeça crônica, muitas vezes diária, pior ao acordar ou ao se deitar
Problemas de visão: visão embaçada, “piscas” na visão (fotopsias), visão dupla ou perda de campo visual
Zumbido pulsátil nos ouvidos (sincronizado com os batimentos cardíacos)
Náuseas e vômitos
Tontura ou desequilíbrio
Papiledema (inchaço do nervo óptico, detectado em exame de fundo de olho)

⚠️ Atenção: o papiledema é o sinal-chave no exame oftalmológico e indica risco iminente de danos permanentes à visão.


Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico exige uma avaliação neurológica e oftalmológica cuidadosa, além de exames para excluir outras causas de pressão alta no crânio. Os principais passos são:

  1. Exame de fundo de olho (para verificar papiledema)
  2. Ressonância magnética (RM) ou tomografia (TC) do cérebro — para garantir que não há tumor ou lesão; com angiografia, se necessário, para excluir tromboses
  3. Punção lombar (coleta de líquor): mede diretamente a pressão do líquido e analisa sua composição
  4. Campos visuais (exame oftalmológico que detecta perdas sutis na visão)

O diagnóstico só é confirmado quando todos os outros problemas foram descartados e a pressão do líquor está elevada.


Tratamento: é possível controlar?

Sim! O objetivo principal do tratamento é proteger a visão e aliviar os sintomas. As abordagens incluem:

1. Perda de peso

  • Reduzir 5 a 10% do peso corporal pode melhorar significativamente os sintomas — e até levar à remissão completa.

2. Medicamentos

  • Acetazolamida: o principal medicamento usado; reduz a produção de líquor.
  • Topiramato: também ajuda a diminuir a pressão e pode auxiliar na perda de peso.

3. Acompanhamento oftalmológico regular

  • Exames de campo visual e fundoscopia devem ser feitos frequentemente para monitorar a saúde do nervo óptico.

4. Cirurgia (em casos graves)

  • Derivação do líquor (shunt) ou descompressão do nervo óptico podem ser necessários se a visão estiver ameaçada.

Prevenção: o que você pode fazer?

Embora não haja uma forma 100% garantida de prevenir a HIId, algumas medidas reduzem o risco:

  • Manter um peso saudável
  • Evitar o uso indiscriminado de suplementos de vitamina A ou retinoides
  • Consultar um médico antes de iniciar ou suspender medicamentos que possam influenciar a pressão intracraniana
  • Buscar ajuda ao notar dor de cabeça persistente + alterações visuais

Conclusão: não ignore sinais de alerta!

A síndrome de hipertensão intracraniana idiopática é rara, mas pode causar cegueira se não for tratada. Porém, com diagnóstico precoce e acompanhamento adequado, a maioria das pessoas leva uma vida normal e protege sua visão.

Se você tem dor de cabeça crônica, zumbido pulsátil ou qualquer alteração visual inexplicável — especialmente se for mulher jovem com sobrepeso — converse com um neurologista ou oftalmologista.

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