Neurologista em Curitiba | Dr. Aloisio Ponti Lopes

Cirurgia de Epilepsia: Quando é Indicada e Como Funciona

novembro 27, 2025 | by draloisiopontilopes

lobo temporal

Índice

  1. O que é cirurgia de epilepsia?
  2. Quando a cirurgia é indicada?
  3. Tipos de cirurgia de epilepsia
  4. Como é feito o diagnóstico pré-cirúrgico?
  5. Como é a cirurgia de epilepsia?
  6. Resultados: a cirurgia cura a epilepsia?
  7. Riscos e complicações possíveis
  8. Recuperação após a cirurgia
  9. Alternativas à cirurgia
  10. Perguntas frequentes sobre cirurgia de epilepsia

O que é cirurgia de epilepsia?

A cirurgia de epilepsia é um procedimento médico realizado para reduzir ou eliminar as crises epilépticas em pacientes cuja condição não responde bem aos medicamentos. O objetivo é remover, desconectar ou estimular a área do cérebro onde as crises começam (chamada de foco epiléptico), sem causar danos importantes às funções neurológicas, como fala, memória ou movimento.

Importante: nem todo paciente com epilepsia precisa ou pode fazer cirurgia. O procedimento é considerado apenas após uma avaliação rigorosa por uma equipe multidisciplinar especializada em epilepsia.


Quando a cirurgia é indicada?

A cirurgia de epilepsia é considerada quando:

✅ O paciente tem epilepsia refratária (ou resistente a medicamentos), ou seja, continua tendo crises mesmo após tentar pelo menos dois antiepilépticos adequados
✅ As crises se originam em uma área específica e identificável do cérebro
✅ Essa área pode ser removida ou tratada sem causar sequelas graves
✅ A epilepsia afeta significativamente a qualidade de vida (trabalho, estudos, independência, segurança)

A Sociedade Brasileira de Epilepsia e organizações internacionais recomendam avaliação cirúrgica após 2 anos de epilepsia não controlada com remédios.


Tipos de cirurgia de epilepsia

Existem vários tipos de cirurgia, dependendo da localização e da extensão do foco epiléptico:

  • Ressecção focal: remoção da pequena área do cérebro que causa as crises (ex: lobectomia temporal)
  • Calosotomia: corte do corpo caloso (estrutura que liga os dois hemisférios cerebrais), usada principalmente em crises generalizadas graves
  • Hemisferectomia ou desconexão hemisférica: indicada em casos raros, geralmente em crianças com dano em um lado do cérebro
  • Estimulação do nervo vago (ENV): implante de um dispositivo que envia impulsos elétricos para o cérebro, reduzindo a frequência das crises
  • Estimulação cerebral profunda (DBS): eletrodos implantados no cérebro modulam a atividade elétrica anormal

Como é feito o diagnóstico pré-cirúrgico?

Antes de qualquer cirurgia, o paciente passa por uma avaliação completa, que pode levar semanas ou meses e inclui:

  • Eletroencefalograma (EEG) de longa duração
  • Ressonância magnética de alta resolução
  • Videomonitorização com EEG (para correlacionar crises com atividade cerebral)
  • Testes neuropsicológicos (avaliação de memória, linguagem, atenção)
  • Mapeamento cerebral (como Wada ou fMRI) para identificar áreas críticas
  • Em alguns casos, eletrodos intracranianos são implantados temporariamente para localizar com precisão o foco

Esses exames garantem que a cirurgia seja segura e eficaz.


Como é a cirurgia de epilepsia?

A cirurgia é feita sob anestesia geral na maioria dos casos. Em procedimentos como a lobectomia temporal, o neurocirurgião:

  1. Faz uma pequena abertura no crânio (craniotomia)
  2. Remove ou desconecta a área do cérebro responsável pelas crises
  3. Fecha o osso e a pele com cuidado

Em alguns centros avançados, a cirurgia pode ser feita com navegação cerebral por imagem ou monitoramento neurológico em tempo real para maior precisão.

O tempo de internação varia de 3 a 7 dias, dependendo do tipo de procedimento.


Resultados: a cirurgia cura a epilepsia?

A cirurgia não “cura” a epilepsia em todos os casos, mas pode eliminar as crises em até 60–80% dos pacientes, especialmente nos casos de epilepsia do lobo temporal.

Outros pacientes relatam redução significativa na frequência e gravidade das crises, o que já melhora muito a qualidade de vida, a autoestima e a independência.

Muitos continuam usando medicamentos por um tempo após a cirurgia, mas com doses menores e menos efeitos colaterais.


Riscos e complicações possíveis

Como toda cirurgia cerebral, há riscos, embora sejam relativamente baixos em centros especializados:

  • Infecção ou sangramento (raros)
  • Fraqueza temporária ou permanente em um lado do corpo
  • Alterações na fala, visão ou memória (dependendo da área operada)
  • Reaparecimento das crises (em alguns casos)

O risco é cuidadosamente avaliado antes da cirurgia, e os benefícios costumam superar os riscos em pacientes bem selecionados.


Recuperação após a cirurgia

A recuperação varia, mas geralmente:

  • As primeiras 24–48h são na UTI ou enfermaria neurológica
  • A maioria dos pacientes retoma atividades leves em 2 a 4 semanas
  • Retorno ao trabalho ou escola pode levar 1 a 3 meses
  • Fisioterapia, fonoaudiologia ou reabilitação neurológica podem ser necessárias em alguns casos

É essencial seguir todas as orientações médicas e manter o acompanhamento com o neurologista.


Alternativas à cirurgia

Se a cirurgia não for uma opção, outras abordagens incluem:

  • Ajuste de medicamentos antiepilépticos
  • Dieta cetogênica (especialmente em crianças)
  • Estimulação do nervo vago (ENV)
  • Estimulação cerebral profunda (DBS)
  • Terapias comportamentais e suporte psicológico

Essas opções também podem melhorar significativamente o controle das crises.


Perguntas frequentes sobre cirurgia de epilepsia

1. Cirurgia de epilepsia deixa sequelas?
Em alguns casos, sim — mas a equipe médica faz de tudo para evitar danos funcionais. O mapeamento prévio minimiza riscos.

2. Crianças podem fazer cirurgia de epilepsia?
Sim! E muitas vezes os resultados são melhores em crianças, pois o cérebro é mais plástico e se adapta melhor.

3. O SUS cobre cirurgia de epilepsia no Brasil?
Sim. A cirurgia está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) em centros de referência, como os Núcleos de Epilepsia credenciados.

4. Posso dirigir após a cirurgia?
Isso depende do controle das crises. Em geral, é preciso ficar sem crises por 6 a 12 meses para voltar a dirigir — conforme a legislação de cada estado.


Conclusão

A cirurgia de epilepsia é uma opção segura e eficaz para quem sofre com crises frequentes que não melhoram com remédios. Com avanços na neuroimagem e na neurocirurgia, milhares de pessoas já recuperaram sua independência, segurança e qualidade de vida.

Normalmente os candidatos a cirurgia de epilepsia são avaliados por equipes multidisciplinares, com neurologistas, neurocirurgiões, psicólogos e psiquiatras. Existem muitas variáveis a serem consideradas antes da cirurgia, e normalmente o procedimento, antes de ser realizado, tem que passar antes por um consenso da equipe, e exames detalhados para que seja certificada a viabilidade do procedimento, o tipo de cirurgia e a área a ser operada.

É muito importante que todo paciente epiléptico seja acompanhado por um neurologista (o que infelizmente nem sempre acontece, principalmente na rede pública). O neurologista é o profissional capacitado para indicar qual paciente pode ser um candidato a cirurgia (já que a maioria esmagadora dos pacientes epilépticos podem ter suas crises controladas com medicamentos, bastando adequar o tipo e a dose).


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