Antidepressivo para enxaqueca ? Como assim ? Não tenho depressão !
setembro 29, 2025 | by draloisiopontilopes
Dentre os medicamentos usados para o tratamento preventivo da enxaqueca , muitos são utilizados também para tratar outras doenças. Essa conduta é utilizada no mundo inteiro, há décadas, por todos os neurologistas.
Isto causa muita confusão entre os pacientes.
Na verdade, quando o neurologista (ou o psiquiatra) prescreve um psicotrópico ele primordialmente não está pensando apenas na indicação do medicamento , mas também no seu mecanismo de ação – em qual lugar no cérebro aquele medicamento age, ou qual neurotransmissor ele influencia. No caso dos tricíclicos e dos ISRS, o uso na enxaqueca visa o início da crise no cérebro, atuando em alguns núcleos envolvidos.

Sim, isto parece complicado…
Neurotransmissores são as substâncias químicas que fazem, digamos, a eletricidade “fluir” nas redes neuronais. Usando os medicamentos podemos aumentar ou diminuir a quantidade de certos neurotransmissores específicos e assim influenciar a atividade cerebral. Certos neurotransmissores que estão envolvidos no mecanismo que culmina com a crise de enxaqueca também estão envolvidos na epilepsia e na depressão. Assim sendo, um mesmo medicamento pode ser usado para as três doenças.
Alguns medicamentos para enxaqueca também são usados para controle de pressão alta e arritmia cardíaca ; outros, para vertigens ou tonturas ; como anti-inflamatórios; para estética , etc…
Alguns medicamentos mais recentes são utilizados apenas para enxaqueca, porém ainda têm um custo mais alto – são os anticorpos monoclonais ou “mabs” (erenumab, galcanezumab, fremanezumab). Os mabs são medicamentos imunobiológicos injetáveis que agem especificamente no peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP), uma molécula que desempenha um papel central nas crises de enxaqueca. Ao bloquear o CGRP ou seu receptor, esses medicamentos previnem a ocorrência das crises, evitando a sua última fase, a dilatação dos vasos no cérebro (é por este motivo que o caráter da crise de enxaqueca é latejante, pulsátil).
Existem , é claro, tratamentos não medicamentosos, baseados em outras técnicas , para a prevenção das crises.
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