Neurologista em Curitiba | Dr. Aloisio Ponti Lopes

A “eterna” busca da causa da enxaqueca

setembro 29, 2025 | by draloisiopontilopes

enxaqueca_fisiopatologia

É comum nos consultórios que o neurologista atenda pacientes enxaquecosos que estão incessantemente buscando fazer exames , muitas vezes repetidos, para achar a “causa misteriosa” da sua enxaqueca.

Estes exames repetidos são completamente desnecessários, já que a causa da enxaqueca não é visível nem em exames de imagem  (tomografia, ressonância, RX , etc… ), nem em eletrencefalograma, nem em exames de sangue , pois a enxaqueca é uma doença genética, poligênica – e os genes envolvidos não são visíveis nestes exames. 

Porque então não é feito um mapeamento genético do paciente ?  Simplesmente pela pouca praticidade e custo alto. O tratamento não vai mudar, e atualmente não há como se modificar, numa pessoa, os genes envolvidos . Deve-se lembrar que – como em toda doença geneticamente determinada – sempre existe o primeiro caso na família. Talvez no futuro, as doenças genéticas possam ser erradicadas de uma família pela manipulação de genes, quem dirá ?

A parte preocupante dessa busca incessante por exames é a exposição à radiação (no caso, das tomografias), pois sabe-se que o excesso de radiação pode estar associado ao risco de desenvolvimento de câncer. Além disso, o uso de mais de um exame (ou seja, mais de uma “fase” de contraste) durante um único exame aumentará ainda mais a dose de radiação. Na grande maioria dos casos, um único exame deve ser suficiente para investigar um paciente, em caso de dúvida diagnóstica.
O uso da tomografia em adultos e crianças aumentou cerca de oito vezes desde 1980, com um crescimento anual estimado em cerca de 10%. Grande parte desse aumento se deve à sua utilidade em doenças comuns, bem como a melhorias técnicas. Entretanto, o uso dessa tecnologia tem que ser bem indicado. Não existe indicação de exames de imagem “por via das dúvidas”.

A ressonância magnética não expõe o paciente a radiação, mas tem indicações precisas. No caso da enxaqueca, não há achados nos exames de ressonância, ou muito raramente alterações sutis podem ser observadas , principalmente em casos crônicos, como as hiperintensidades da substância branca (manchas brancas de alto sinal). Estes achados não têm significado clínico e não mudam o tratamento. Deve-se lembrar que os exames de ressonância têm também um custo mais elevado do que as tomografias.

O uso de repetidos exames contrastados também deve ser evitado, pois o contraste radiológico administrado por via endovenosa pode ser prejudicial ao rim.

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Fontes (porém de leitura científica) para matar a sua curiosidade :

https://www.thelancet.com/journals/laneur/article/PIIS1474-4422(24)00026-7/abstract

https://link.springer.com/article/10.1007/s12035-023-03837-3

https://link.springer.com/article/10.1007/s12031-020-01788-1

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